Na freguesia de Mansores podem ser identificados diferentes tipos de construções humanas, que são lugares privilegiados para compreendermos a história, a memória e a identidade da freguesia: uma pequena povoação rural, multissecular, que foi deixando no património edificado um testemunho da sua passagem pelo tempo.
As tipologias e elementos do património edificado que se identificam abaixo são entendidos como tal num sentido lato, isto é, enquanto construções materiais duradouras, independentemente da sua singeleza ou monumentalidade, erigidas para uso pessoal, familiar e comunitário. Neste sentido, não nos cingimos ao património classificado pelas autoridades administrativas devido seu valor histórico, artístico, turístico ou afim. A este respeito, aliás, de todos os elementos patrimoniais situados na freguesia, o Plano Diretor Municipal de Arouca apenas classifica como “Património edificado” a Igreja Paroquial e a capela de Nossa Senhora do Rosário.
CASAS DE HABITAÇÃO FAMILIAR
Em Mansores, em termos de arquitetura de habitação, entre outras, existem, ou existiram:
1) As tradicionais casas de xisto aparente. Geralmente de pequenas dimensões, eram as casas mais características do passado e da ruralidade própria de outros tempos. Feitas quase integralmente com materiais naturais da região. Com uma cozinha à entrada e um ou dois quartos separados por tabiques. Algumas delas sem forro e sem chaminé, tinham uns respiradouros por onde saía algum do fumo da lareira.
2) As típicas casas de lavrador em granito. Com as paredes rebocadas com argamassa de saibro e cal, podiam ser periodicamente pintadas de branco. Eram melhor isoladas que as casas de xisto aparente. Ainda hoje se podem apreciar várias destas casas ao longo da freguesia, algumas de grandes dimensões e seculares. Um bom exemplo é a casa da Terça (já com estilo semi-senhorial), no Casal.
3) As casas de estilo importado, seja das cidades do Norte do país, seja do Brasil. Um belo exemplar é a casa construída no século XIX por António da Conceição Neves Cardoso, no lugar da Estrada. E, no último quartel do século XX, as casas de emigrantes.
4) As moradias modernas (vivendas), com as diferentes configurações que foram tomando desde os anos 80 do século XX até à atualidade.
A atual igreja paroquial de Mansores foi precedida por uma outra da qual não existem vestígios materiais. Segundo as Memórias Paroquiais de 1758, “o orago, ou padroeira desta igreja e freguesia é Santa Cristina; tem quatro altares, o mor de Santa Cristina, os dois juntos ao arco, um é da Senhora da Conceição, outro do Santo Nome de Jesus, um mais abaixo do Senhor Crucificado, não tem naves nem irmandades, por ser terra pobre”.
No ano de 1858 a igreja sofreu fortes efeitos de um terramoto. As obras de “reedificação” foram longas (começaram em 1861 e estenderam-se por cerca de 15 anos) e delas resultou um novo templo, que é aquele que hoje conhecemos.
É de planta longitudinal, composta por nave única, capela-mor e corpo retangular, de sacristia adossada à direita, a Sul, volumetricamente distintos, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, aos quais se une, a Sul, também à direita, adossada à frontaria, torre sineira quadrangular coberta com coruchéu em pirâmide.
Capela de Nossa Senhora do Rosário
Antes do atual edifício, existiu perto um outro templo dedicado a Nossa Senhora do Rosário, presumivelmente situado na zona onde foi construído o coreto da Vila. A atual capela foi construída em torno do ano de 1890, em muito graças ao patrocínio dos “Moreiras” das Agras. Segundo a inscrição visível na fachada, “Mandaram reidificar us benemeritos Manoel Joaq. Moreira e F. José Joaq. Moreira 1890”.
É de planta longitudinal, composta por nave única, capela-mor e sacristia adossada do lado esquerdo, a Noroeste, volumetricamente distintos, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, aos quais se une, também do lado Noroeste, adossada à frontaria, torre sineira quadrangular coberta com coruchéu em pirâmide.
Em meados dos anos 60 do século XX, a capela foi objeto de obras de melhoramentos e, mais recentemente, em 2008, foi novamente restaurada.
Capela de Santo António
O atual edifício não será o original, a ter em conta a inscrição que existe sobre a porta principal, segundo a qual “Os benemeritos M. J. M. e o irmão A. J. M. mandaram ridifica em 1894”. Terá sido reconstruído em 1894, não havendo vestígios do templo anterior. A sua construção, tal como a da capela de Nossa Senhora do Rosário, terminada 4 anos antes, foi promovida por Manuel Joaquim Moreira, aqui como apoio do irmão António Joaquim Moreira.
A capela de 1894 correspondia ao atual corpo principal. O corpo da atual capela-mor (e a sacristia) foi construído pelos anos 50 a 70 do século XX, abrindo-se para o efeito o arco interior que separa os dois corpos.
É um templo bastante pequeno, de planta longitudinal, composta por nave única, capela-mor e sacristia. Não dispõe de torre sineira.
A capela tem sido regularmente restaurada, graças ao apoio e empenho da comunidade e de emigrantes do lugar das Agras.
É um templo privado, integrado no edifício da casa da Terça, no lugar do casal.
1) O calvário será possivelmente do século XVIII. Tendo estado em ruína durante várias décadas: apenas algumas das cruzes subsistiam completas, das outras restaram os respetivos socos. Foi restaurado pela Junta de Freguesia no início do presente século, tendo o local sido embelezado. A par das sete cruzes do calvário, existiam sete outras cruzes (entre o Juncido e a Estrada) no caminho que leva da igreja ao calvário, perfazendo o conjunto de 14 cruzes da via-sacra. Dessas sete cruzes do caminho restam três.
2) Os cruzeiros da Vila e da serra da Vila. O primeiro deles é o “cruzeiro dos centenários”, também conhecido como “cruzeiro da independência”. Foi construído em 1940, no lugar da Vila, no contexto das políticas estatais de celebração dos centenários da independência e da restauração da soberania nacional. O cruzeiro da Serra da Vila está situado nos terrenos do atual parque da Serra da Vila, é um cruzeiro simples, erigido sobre uma base com quatro níveis de escadas.
3) Os cruzeiros das Agras. Um, situado em frente à Capela de Santo António. Outro, no local conhecido como Avistada da Senhora ou, se quisermos, na confluência da travessa da Liberdade com a rua da liberdade.
As alminhas são um elemento singular da arquitetura popular ao serviço da devoção religiosa. Situam-se junto dos caminhos, sobre os muros, embutidas nos cômoros, plantadas nas encruzilhadas, etc. Umas de granito, outras de betão, outras de metal, umas em forma de capela, outras em forma de nicho. Mais discretas ou mais vistosas, são lugares de sacralização dos espaços públicos e da vida pública. Quase não há lugar da freguesia onde não existam pelo menos umas alminhas.
PATRIMÓNIO ESCOLAR
A escola da Serra da Vila
Foi construída nos anos 60 do século XX, no contexto do plano de construção de novos edifícios escolares implementado pelo Estado Novo, e segundo o projeto arquitetónico “tipo rural”. A construção teve início em fevereiro de 1966 e a inauguração deu-se a 6 de outubro de 1969. Serve atualmente o 1º ciclo de ensino básico da freguesia, estando integrada no Agrupamento de Escolas de Escariz. A carta educativa do concelho, publicada pela Câmara Municipal de Arouca em 2006 prevê a intenção de conversão desta escola no Polo Escolar da Serra da Vila.
O edifício da atual cantina escolar
Situado no alto da Serra da Vila, este edifício foi a terceira escola da freguesia, concluída entre final de 1924 e início de 1925. Foi edificada por Adelina Gomes da Conceição, mãe de António da Conceição Azevedo (da Estrada), que em 1925 aí tomou posse como “professor oficial da escola primária de Mansores”. Esta escola era conhecida como a “escola de cima” e funcionou a par da “escola velha”, também chamada “escola de baixo”, até à construção das novas escolas, em 1966 e 1969. Após essa data, esteve sem uso durante alguns anos. A partir de início dos anos 80, passou a ser usada como estabelecimento de Jardim infantil / ensino pré-escolar e, mais recentemente, como cantina escolar.
O pavilhão prefabricado da “Telescola”
O Curso Unificado de Telescola, iniciado em 1965, chegou a Mansores alguns anos depois, permitindo às crianças da freguesia frequentar o 5º e o 6º ano de escolaridade através desse formato de ensino. Pelos anos de 1977/1978 foi construído o pavilhão pré-fabricado que funcionou como sala de aula da Telescola até à extinção deste sistema de ensino.
A escola de ensino pré-escolar / Jardim de Infância
O edifício foi construído nos anos de 1986-87. Funcionou inicialmente como escola do ensino especial. Esteve vários anos sem uso. Entretanto, passou a acolher o Jardim infantil / ensino pré-escolar da freguesia.
A escola das Agras
Foi construída nos anos 60 do século XX, no contexto do plano de construção de novos edifícios escolares implementado pelo Estado Novo, e segundo o projeto arquitetónico “tipo rural”. A construção teve início em 1963 e a inauguração deu-se a 23 de setembro de 1966. O último ano letivo em que esta escola funcionou foi 2011/2012.
PATRIMÓNIO E EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS
Foi o segundo edifício escolar de Mansores, construído em início do século XX e inaugurado a 30 de maio de 1909. Ficou popularmente conhecida como “escola velha” ou “escola de baixo” e funcionou como edifício escolar até à construção das novas escolas nas Agras e no Casal, em 1966 e 1969. Após os anos 60, o edifício foi abandonado e entrou em ruína. Em finais de 1992, a Junta chegou a acordo com o Instituto Português do Património Cultural, responsável pelo edifício, e comprou-o por 500 contos, fazendo-se entretanto a escritura de aquisição. As obras começaram em 1994 e a (nova) inauguração fez-se a em 28 de outubro de 2001. O edifício, além da sala de reuniões da Junta, possui um salão e uma sala usada para formações e outras atividades.
Este equipamento foi construído para responder à necessidade, há muito sentida, de salas para catequese, reuniões e atividades da paróquia e da freguesia. Foi edificado nas traseiras da igreja, no local onde se situava a antiga residência paroquial, já em ruínas e destruída na ocasião. Foi inaugurado a 23 de março de 2003. Além de salas para catequese e reuniões, dispõe de um bar, de um salão multiusos e de uma cave ampla.
Centro Social Santa Cristina de Mansores
O Centro Social Santa Cristina de Mansores, enquanto associação, já existia há vários anos, quando foi decidida a construção do atual edifício, no lugar da Estrada. Os terrenos foram doados pelas mansorenses Maria Pereira Martins e Emília Pereira Martins, o edifício custou mais de 900 mil euros e foi inaugurado a 14 de julho de 2014. As respostas sociais que o equipamento serve (creche, centro de dia e serviço de apoio domiciliário) estão todas ativas.
Inaugurado em 28 de agosto de 2005, o Campo de Futebol das Relvas está situado entre o lugar da Mata e a Zona Industrial da Mata. A sua construção foi feita num terreno para o efeito oferecido pelo mansorense Elísio de Oliveira Cabral à Junta de Freguesia. Desde a época 2005/2006, a Associação Cultural e Recreativa de Mansores (ACRM) formou uma equipa de futebol sénior, utilizando este campo para os seus jogos nas divisões distritais de Aveiro. Em 20 de setembro de 2009 foi inaugurado o piso sintético, sendo na ocasião apresentada a equipa de futebol da União Desportiva de Mansores, instituição que resultou da autonomização do futebol da ACRM.
Campos polidesportivos
Atualmente, a freguesia possui dois campos polidesportivos, um situado no lugar das Agras e outro no lugar da Serra da Vila.
Tradicionalmente as sepulturas eram feitas em solo sagrado: na igreja paroquial e no adro da igreja. O cemitério da freguesia foi construído apenas no início do século XX. Segundo a inscrição que encima os portões do cemitério “Offerta de M. J. Moreira 1903 / Cemiterio Parochial”, a sua construção foi patrocinada por Manuel Joaquim Moreira. Originalmente, tinha um corredor central cruzado, a meio, por outro corredor, e quatro talhões de terreno para sepulturas. Entretanto, ainda no século XX, a Junta de Freguesia aumentou-o para ambos os lados. Ao fundo, foi construído o único jazigo em forma de capela, destinado à família Moreira. De estilo revivalista neogótico, de granito e com portas de ferro fundido e trabalhado, encimada por duas cruzes e quatro pináculos. Dentro, acolhe oito túmulos, quatro de cada lado.
Foi construída no lugar da Vila, junto da capela de Nossa Senhora do Rosário e do cemitério, e foi inaugurada a 7 de dezembro de 2003. A sua construção fez-se por iniciativa da Comissão Fabriqueira e da Junta de Freguesia.
Em Mansores, tal como é habitual nos espaços rurais, a localização dos coretos está associada a espaços religiosos (no caso, as capelas de Nossa Senhora do Rosário e de Santo António); e o seu uso está associado às respetivas romarias, não tanto à parte religiosa, mas sobretudo à parte profana das romarias. O uso mais comum dos coretos tem sido o de palco para concertos pelas bandas filarmónicas convidadas pelas Comissões de Festas.
1) O coreto da Vila localiza-se no centro do lugar da Vila. É de planta hexagonal com a base construída em granito e tem no seu interior um espaço para arrumos acessível por uma porta. O espaço destinado aos músicos tem uma cerca de gradeamento de metal. A cobertura é sustentada por pilares de ferro. A cobertura, de metal, é requintada, ao estilo dos coretos urbanos. A cúpula é rematada pela figura de um galo em metal e pela terminação em forma de pinha. A sua construção foi patrocinada por Augusto Guedes Castro Portugal, conforme publicado na imprensa e conforme a inscrição “Oferta de A. G. C. P. 1937”. Foi inaugurado em 22 de Agosto de 1937. Presume-se que seja o coreto mais antigo do concelho de Arouca.
2) O coreto das Agras localiza-se em frente à capela de Santo António. É de planta hexagonal e construído em betão armado, tendo no seu interior um espaço para arrumos acessível por uma porta. O espaço destinado aos músicos tem uma cerca de gradeamento de metal. Segundo uma placa nele aposta, foi construído em 1973, com ofertas de Manuel Vaz e José António Vaz, do lugar da Mata.