De Junta de Paróquia a Junta de Freguesia
Até à reforma liberal do século XIX, embora as freguesias, enquanto designação de circunscrições territoriais e núcleos populacionais de base, já existissem, não tinham estrutura administrativa própria.
Foi em 1830, por decreto de 26 de novembro, quando pela primeira vez se determinou o estabelecimento de uma junta para cada paróquia. Em 1835 e 1836, no contexto da reorganização administrativa do país, a freguesia passou a integrar a divisão administrativa do território enquanto a “Junta de Paróquia” passou a ser assumida como órgão administrativo, sendo que neste quadro a freguesia correspondia ao território sob influência da paróquia.
A então denominada Junta de Paróquia de Mansores, enquanto órgão executivo colegial da freguesia, foi criada presumivelmente em 1836. A primeira sessão da Junta de Paróquia de Mansores de que se conserva ata realizou-se a 18 de janeiro de 1837, sendo então presidente José António Nunes Saldanha e tendo como membros João dos Reis Castro Portugal e Domingos José Pereira de Amorim. Foi precisamente em 1837 que a freguesia e paróquia de Mansores deixou de estar administrativamente enquadrada na Vila de Oliveira de Azeméis, transitando então para o concelho de Fermedo.
A partir de 1840, o Governo determinou que o presidente da Junta fosse o pároco, o que, de facto, se verificou em Mansores, quando a 2 de janeiro de 1842 tomou posse uma nova junta, presidida pelo pároco local. Em 1870 as juntas foram extintas, mas cinco meses depois foram recriadas. Em 1878 foi determinado que o presidente da Junta voltasse a ser escolhido dentre os cidadãos da freguesia e, em consequência disso, temos em Mansores, a 27 de outubro desse ano, a tomada de posse de uma junta presidida por um cidadão outro que não o pároco. Todavia, a partir de 1892, e até à instauração da República, o cargo de presidente da Junta voltou a ser entregue ao pároco.
Com a Lei n.º 621, de 23 de junho de 1916, a Junta de Paróquia passou a designar-se Junta de Freguesia, fixando-se assim a separação formal entre a estrutura civil e administrativa (freguesia) e a estrutura eclesiástica (paróquia).
Em quatro ocasiões, devido a revoluções políticas de âmbito nacional, as Juntas em exercício foram obrigadas a cessar funções. Também em Mansores isso ocorreu. Em concreto, para substituí-las foram criadas comissões administrativas: após a revolução republicana de 1910; após a subida ao poder de Sidónio Pais em dezembro de 1917; após o golpe de 28 de maio de 1926; e após a revolução de 25 de abril de 1974. Estas comissões foram depois novamente substituídas por Juntas de Freguesia, uma vez normalizada a situação política.
Em 1976, na sequência da nova Constituição da República, foi criada a Assembleia de Freguesia, como órgão deliberativo da freguesia, o que corresponde de certo modo a um desdobramento da Junta. E foi precisamente por ocasião das eleições para a Assembleia de Freguesia realizadas a 12 de dezembro de 1976 que pela primeira vez na sua história os membros da Junta de Freguesia foram eleitos por sufrágio universal, direto e secreto dos cidadãos eleitores inscritos no recenseamento eleitoral na respetiva área.
Das casas das sessões às sedes da Junta de Freguesia
Desde a sua criação, e até esse 1905, as sessões da Junta realizavam-se habitualmente nas “casas das sessões da Junta”: a sacristia da Igreja (caso mais frequente), a residência do pároco, ou, ocasionalmente, a casa de habitação do presidente ou a escola. Seria nessas “casas” que se ia guardando o arquivo.
Finalmente, em 1905, por despacho de 30 de novembro, publicado no Diário de Governo de 2 de dezembro, foi concedida à então denominada Junta de Paróquia “uma pequena casa com loja, sobrada e telhada, denominada da Tulha, pertencente ao suprimido convento de S. Bento da Ave Maria, do Porto, necessária para celebrar as suas sessões e guardar o seu arquivo”. Essa casa, situada no lugar da Vila, funcionou como sede da Junta de Freguesia entre 1905 e 1928; foi então destruída para no mesmo local se construir a casa que serviu de sede até 2001.
A partir de 2001, a Junta passou a ter por sede o edifício da antiga escola primária de Mansores, situada no lugar do Casal, e até então popularmente conhecida como “escola velha” ou “escola de baixo”. A construção do edifício foi patrocinada por Manuel Joaquim Moreira, o “brasileiro” benemérito que patrocinara várias outras obras na freguesia. Foi inaugurado a 30 de maio de 1909 e funcionou como edifício escolar até à construção das novas escolas nas Agras e no Casal, em 1966 e 1969. Após os anos 60, o edifício foi abandonado e entrou em ruína. Em finais de 1992, a Junta chegou a acordo com o Instituto Português do Património Cultural, responsável pelo edifício, e comprou-o por 500 contos, fazendo-se entretanto a escritura de aquisição. As obras começaram em 1994 e a (nova) inauguração fez-se a 28 de outubro de 2001. O edifício, além da sala de reuniões da Junta, possui um salão e uma sala usada para formações e outras atividades.
Presidentes da Junta de Freguesia de Mansores
Apresentam-se os nomes dos cidadãos que identificámos como tendo, entre 1837 e a atualidade, exercido a função de presidente de Junta (ou de presidente de comissão administrativa) em Mansores. Aqueles que exerceram este cargo sendo párocos por inerência da função de párocos vão assinalados com a referência “(pároco)”. Referenciámos a data de fim de cada presidência como sendo o dia anterior ao dia da tomada de posse do presidente que se seguiu.
Nº |
Nome |
Período de presidência |
1 |
José António Nunes Saldanha |
18-01-1837 e 14-07-1837 |
2 |
Domingos José Pereira de Amorim |
15-07-1837 e 04-01-1840 |
3 |
António Francisco Duarte |
05-01-1840 a 01-01-1842 |
4 |
José de Almeida Pereira Cabral e Vasconcelos (pároco) |
02-01-1842 a 10-11-1856 |
5 |
Ricardo José de Sousa (pároco) |
27-01-1857 a 23-07-1869 |
6 |
Domingos Alves de Oliveira (pároco) |
24-07-1869 a 19-11-1869 |
7 |
José Rodrigues Alves de Oliveira (pároco) |
20-11-1869 a 04-07-1870 |
8 |
Manuel Fernandes Correia (pároco) |
05-07-1870 a 14-02-1872; [?]-[?]-1895 a [?]-04-1897 |
9 |
José Gonçalves Moreira |
27-10-1878 a 01-01-1882 |
10 |
Joaquim dos Reis Castro Portugal |
02-01-1884 a 23-02-1884 |
11 |
Joaquim de Almeida Pereira Cabral e Vasconcelos |
24-02-1884 a 02-01-1886 |
12 |
Manuel Baptista Camossa Nunes Saldanha |
03-01-1886 a [data posterior a 16-06-1889 e anterior a [?]-[?]-1895] |
13 |
[?]-04-1897 a [?]-06-1897 |
|
14 |
[?]-07-1897 a [?]-05-1898 |
|
15 |
[?]-06-1898 a [?]-09-1898 |
|
16 |
[?]-10-1898 a [?]-10-1899 |
|
17 |
[?]-11-1899 a [?]-11-1900 |
|
18 |
[?]-12-1900 a [?]-10-1901 |
|
19 |
Manuel António dos Santos (pároco) |
[?]-10-1901 a 25-02-1905 |
20 |
Manuel António Fernandes (pároco) |
26-02-1905 a 29-10-1910 |
21 |
Manuel Moreira da Silva |
30-10-1910 a 01-01-1914; 02-01-1918 a 26-01-1918; 02-01-1926 a 31-07-1926 |
22 |
Albino Francisco Teixeira |
02-01-1914 a 01-01-1918; 27-01-1918 a 09-08-1920; 02-01-1923 a 01-01-1926 |
23 |
António Gonçalves Moreira Leite |
10-08-1920 a 01-01-1923; 01-08-1926 a 11-07-1931 |
24 |
José Gomes Moreira |
02-01-1926 a 02-01-1926; 12-07-1931 a 25-07-1936 |
25 |
António Correia dos Santos Lima |
26-07-1936 a 04-11-1950 |
26 |
Carlos Gomes Moreira |
05-11-1950 a 01-01-1964 |
27 |
António Gomes Moreira |
02-01-1964 a 14-11-1967 |
28 |
Elísio Correia dos Santos Lima |
15-11-1967 a 04-12-1974 |
29 |
Sebastião da Conceição Martins |
05-12-1974 a 11-01-1977; 21-01-1980 a 21-01-1983 |
30 |
António Moreira de Castro Portugal |
12-01-1977 a 20-01-1980; 03-01-1986 a 11-01-1990 |
31 |
Raimundo Gomes de Oliveira |
22-01-1983 a 02-01-1986 |
32 |
Ventura da Silva Moreira Leite |
12-01-1990 a 20-10-2013 |
33 |
Manuel Joaquim Gonçalves Lima |
21-10-2013 a 22-10-2017 |
34 |
Jorge Daniel Correia Oliveira |
desde 23-10-2017 |