Enquadramento geográfico
A freguesia de Mansores tem cerca de 14km2 de extensão e está situada na zona Oeste do concelho de Arouca, conhecida popularmente por “fundo do concelho”. Confronta com as freguesias de Escariz (a Norte e a Oeste), Chave (a Sudeste) e Tropeço (a Nordeste). As coordenadas geográficas dos seus limites são aproximadamente: a Norte, lat. 40.960618 e lon. -8.341670; a Este, lat. 40.946941 e lon. -8.334460; a Sul, lat. 40.944412 e lon. -8.390036; e a Oeste, lat. 40.913188 e lon -8.376219.
Sendo um território topograficamente acidentado, os pontos mais altos da freguesia situam-se na Serra Grande, atingindo 638m de altitude no ponto com lat. 40.917988 e lon. -8.378448, e no Castêlo, atingindo 608m de altitude no ponto com lat. 40.933762 e lon. -8.384371. Na Serra Grande está instalado um vértice geodésico, também chamado marco geodésico. O ponto mais baixo situa-se no limite Norte da freguesia, na foz da Ribeira de Vales (rio Mau), com cota de cerca de 110m.
Em termos de enquadramento geográfico regional, Mansores situa-se na região natural do Douro Litoral, na sub-região do entre Douro e Vouga, participando da faixa de transição geográfica entre o litoral e o interior do norte atlântico português que o próprio concelho de Arouca corporiza. A parte ocidental do concelho de Arouca, de que Mansores é parte, carateriza-se por uma menor altitude e por vales mais abertos e aráveis do que a parte oriental do concelho; Mansores dista, geograficamente, cerca de 15km da orla marítima, enquanto Alvarenga, por exemplo, dista cerca de 25km. Mansores tem, por isso, certas caraterísticas bem mais litorais do que a parte interior do concelho. Por outro lado, a elevação montanhosa do monte do Castêlo e da Serra Grande funciona como um tampão de separação ou pelo menos de quebra em termos geográficos e climáticos das influências marítimas e litorais sobre o território da freguesia. De facto, vindo-se desde a costa marítima em direção ao interior, esta é a primeira elevação montanhosa que se impõe com expressão relevante. Daí que em dias abertos se consiga avistar o Atlântico a partir do monte Castêlo.
Em termos de clima, a freguesia situa-se numa região que beneficia de clima mediterrânico com influência marítima atlântica e verões moderados. A grande humidade e pluviosidade registados no Inverno e na Primavera são uma das riquezas naturais da freguesia, enchendo os lençóis freáticos e os caudais das linhas de água, fazendo rebentar as fontes, suscitando uma rica vegetação e beneficiando a Agricultura.
Geomorfologia
Na perspetiva geomorfológica, e vista a partir da elevação montanhosa do Castêlo, Mansores é uma freguesia inclinada, como se toda ela estivesse a escorregar, ondulante, para o Arda, rio em cuja bacia hidrográfica se insere. Da sua forma, salientam-se na freguesia: as elevações da Serra Grande (com cerca de 638m) e do monte do Castêlo, o sítio do Côto do Crasto e a Serra da Vila; e duas depressões interiores, uma na parte Sul da freguesia, abrangendo os lugares da Costa, Espinheiro, Ribeira, Caritel, Vale e Bouça, e outra na parte Norte, englobando os lugares do Casal, Crasto, Juncido, Estrada, Agras, Mata e Avitureira. Ambas as depressões são atravessadas por linhas de água afluentes do Arda: a Sul, o ribeiro que nasce na Serra Grande e passa entre a Ribeira e a Bouça, atravessando o Borralheiro; a Norte, o ribeiro que rasga a freguesia desde o sítio conhecido como “os lavadouros”, no Castêlo, passando pelo Crasto, pela Estrada, pela Mata e pela Avitureira, desaguando no Arda já no extremo Norte da freguesia. Estes dois afluentes do Arda polarizam as áreas férteis, cultivadas e habitadas da freguesia. A separar as duas referidas depressões ergue-se uma elevação que se estende em forma de crista entre o Souto e a Serra da Vila. O próprio Arda e a Ribeira de Vales (rio Mau) definem fronteiras da freguesia e situam-se em lugares afastados dos povoados, em zonas de baixa cota com depressões acentuadas e difícil acesso; por isso, pelo menos da parte de Mansores, não foram estabelecidos lugares povoados nas suas margens, mas pequenas quintas em socalcos que beneficiavam da água trazida por via de levadas a partir de açudes construídos nestas linhas de água.
Constituição geológica
A parte mais extensa do subsolo da freguesia é formada por rochas metassedimentares. O tipo de rochas metassedimentares que as constituem são sobretudo xistos, além de conglomerados e grauvaques. Os xistos são popularmente chamados de “pedras borneiras”, por comparação com o borne da madeira, que é menos denso (mais mole) do que o cerne, tal como o xisto é (menos denso e) mais mole do que o granito ou o seixo. Esta parte do subsolo não é toda homogénea e pode ser dividida em três sub-partes. A primeira é a parte mais extensa e ocupa a faixa central da freguesia, que desce desde o limite com as rochas magmáticas sin-orogénicas do Castêlo e da Serra Grande até abaixo dos lugares das Agras e da Mata; é composta por mimatitos, gnaisses, micaxistos e xistos luzentes. A segunda desce a partir da confrontação com esta, atravessa o lugar da Avitureira e a região florestal circundante e estende-se até perto do limite norte da freguesia; é composta por xistos estaurolíticos. A terceira é a mais diminuta e ocupa o pequeno canto norte da freguesia, nos limites do Arda; compõe-se por xistos e grauvaques.
O segundo tipo de rochas mais abundantes são as rochas magmáticas sin-orogénicas. Estas são as rochas de granito, também conhecido por propianho. O tipo de granito de Mansores é o granito não porfiróide, de grão médio a fino. Ocupa a parte Sudoeste da freguesia, correspondendo ao monte do Castêlo e à Serra Grande, estendendo-se até ao sopé da encosta do Castêlo, à Barrosa, ao espaço entre a Estrada e o Crasto, aos lugares da Vila, Espinheiro e Ribeira e ao limite Oeste da Bouça.
Além dos dois principais tipos de rochas, e no mesmo subsolo que um e outro ocupam, encontram-se ocasionalmente alguns filões de pórfiros granitóides, quartzo, aplito e pegmatito. Em torno do Arda encontram-se algumas terras argilosas, arenosas e cascalhos.
Recursos naturais: o subsolo e o solo
Não há evidências de que em Mansores existam recursos minerais metálicos, pelo que neste aspeto é uma região bastante pobre, não obstante Pinho Leal ter afirmado, sem fundamento, que a freguesia “tem minas de cobre e de ferro, que se não exploram”.
Os granitos do Castêlo e da Serra Grande foram muito explorados em pedreiras, comercializados e usados na construção de edifícios, caminhos, muros, cômoros, etc. Essas pedreiras estão presentemente desativadas.
Já os xistos usaram-se também na construção de cômoros e de alguns edifícios mais pobres como palheiros, currais e casas de habitação mais pequenas e modestas.
Os grauvaques, mais conhecidos por lousas, que existem no limite norte da freguesia, nas margens do Arda – nos sítios da Louseira e da Goleta – foram usados para lajes das eiras e na construção de edifícios.
Um dos recursos do subsolo mais explorados tem sido a água. Além das nascentes espontâneas, ao longo dos séculos foram sendo construídas minas de água, poços, açudes e levadas e, mais recentemente, furos artesianos para captação da água subterrânea.
O território da freguesia de Mansores é ocupado por uma grande mancha florestal e por vales agrícolas cultivados, entre os quais se estendem vários núcleos habitacionais cuja descontinuidade se tem vindo a esbater cada vez mais.
A vegetação natural da freguesia é bastante diversificada e pode ser reunida em dois grandes grupos: o da vegetação florestal; e o das terras cultivadas. Num e noutro, as práticas agrícolas e silvícolas alteraram as características da vegetação e introduziram muitas espécies não autóctones.
A área florestal da freguesia foi tradicionalmente ocupada por castanheiros, carvalhos, salgueiros, etc. Ao longo dos séculos XIX e XX foram introduzidos o pinheiro bravo e o eucalipto, bem como espécies invasoras de que são exemplo a acácia-austrália e a acácia-mimosa.
Ao longo dos séculos foram realizadas feitorias, escavações e arroteamentos que transformaram em zona de cultivo os vales e pequenas quintas nas encostas próximas das linhas de água.
Demografia e atividades económicas
De acordo com o último Recenseamento Geral da População promovido pelo INE, em 2011 existiam em Mansores: 1.081 residentes (dos quais, 529 homens e 552 mulheres), 350 famílias e 415 edifícios de habitação; os recenseados eleitorais eram à época em número de 1.061. Se quisermos dois termos de comparação, o registo mais antigo que se conhece da população da freguesia data de 1527 e refere a existência de 200 residentes e 52 famílias, enquanto o Recenseamento Geral da População de 1960 registou 1.290 residentes e 289 famílias. Nas últimas décadas o número de residentes diminuiu enquanto o número de famílias aumentou. E, seguramente, o indicador demográfico mais evidente é o da natalidade, que tem diminuído progressivamente no último meio século.
Ao longo dos últimos dois séculos, muitos dos cidadão, sobretudo os jovens, nascidos na freguesia emigraram, acompanhando os ciclos de emigração: a emigração para o Brasil, depois para as colónias africanas, depois para a Europa nos anos 60 e 70, depois os retornados de África, e a emigração dos últimos anos. Muito do património comunitário e muitas das casas de habitação foram construídos graças às poupanças e ao investimento dos emigrantes. E certamente os emigrantes deixaram o nome da freguesia inscrito um pouco por todo o mundo. Desde logo, na cidade de S. Paulo, no Brasil, existe uma rua com o nome de Mansores; chama-se precisamente “Rua Mansores”, e situa-se em Campo Limpo, que é um distrito da zona Sul da cidade de São Paulo.
De semelhante importância tem sido a migração de cidadãos naturais da freguesia para as metrópoles da região, com destaque para o Porto e para S. João da Madeira. A par disso, as zonas industriais de Cesar e S. João da Madeira absorveram nas últimas décadas parte substancial da força de trabalho dos residentes na freguesia. Esta última realidade tem sido contrabalançada após a implantação de duas zonas industriais no perímetro da freguesia (Lameiradas e Mata), que criaram uma situação inédita: a atração de trabalhadores residentes nas freguesias limítrofes.
As atividades económicas de maior peso na freguesia foram tradicionalmente a agricultura, a pecuária, a exploração leiteira, a silvicultura, a indústria de madeiras e a construção civil. Hoje, se bem que essas atividades se mantenham, perderam expressão. Ocorreu uma grande diversificação de atividades, com destaque para a implantação das duas zonas industriais que, a par de pequenas indústrias dispersas, concentram uma parte significativa da produção económica da freguesia. Atualmente, os setores de atividade mais expressivos são a agropecuária e floresta, a construção civil, a indústria, o comércio, a restauração e os serviços.
No que concerte aos três últimos destes setores, no interior da freguesia contam-se, entre outros: farmácia, padaria, mercearias, talho, cafés, restaurantes, contabilidade, advocacia, cabeleireiros, oficinas de mecânica automóvel, papelaria, etc.
Há ainda registos ou pelo menos indícios de em alguma altura terem existido em Mansores os seguintes outros profissionais ou ofícios: alfaiates, apicultores, caçadores, canastreiros, capadores, carpinteiros, carvoeiros, cesteiros, corticeiros, costureiras, ferradores, ferreiros, funileiros, sapateiros, marceneiros, médicos, pedreiros, pescadores, relojoeiros, resineiros, serradores, tamanqueiros e tecelões.